domingo, 11 de agosto de 2013

Existe mídia, de fato, independente?



Em 2010, uma pesquisa do Instituto Análise revelou que 91% dos brasileiros pensam que a imprensa ajuda a combater a corrupção ao divulgar escândalos que envolvem políticos e autoridades. Quando a pergunta foi se a imprensa tem o dever de investigar e divulgar esses problemas, o número aumentou para 97%.

De fato, a imprensa brasileira, apesar dos pesares, ainda goza de muito prestígio junto à opinião pública e se constitui no principal fornecedor de subsídios para formação do pensamento da maioria dos brasileiros. Apesar de não haver dados oficiais, pelo menos de conhecimento público, os números obtidos na pesquisa nacional não devem ser diferentes em Bragança. As pessoas ainda recorrem aos jornais e principalmente às rádios para saberem de quem e o quê se fala.

Qualquer frequentador de rodas sociais, já ouviu comentários de concordância ou discordância sobre a pauta de determinado veículo de comunicação. Algo compreensível quando mergulhamos na análise sobre que detém o controle das mídias locais.

Se é fato público e notório que em Bragança os principais veículos de comunicação estão intimamente ligados a grupos políticos, não é novidade para ninguém que não se pode falar em imparcialidade ou imprensa livre. Não parece razoável imaginar que determinada emissora ou jornal denunciaria seu próprio chefe ou divulgaria algo que o fizesse perder votos.

Há ainda veículos de comunicação que não têm entre seus dirigentes nenhum ativista político. Estaria descartada a ligação político-ideológica. Seria então mais fácil chamá-los de imparciais? Nem tanto.

Se sabemos que veículos de comunicação (rádios, Tvs, jornais, revistas e sites), com raras exceções, são empresas, com finalidades lucrativas. Seria então razoável acreditar que pautariam apenas e exclusivamente pelo interesse social em detrimento a sua finalidade de lucro? Não. Qualquer pessoa dotada de o mínimo de senso crítico, saberá que nenhuma empresa tomará atitude que a faça ter prejuízo.

Uma particularidade, no entanto, merece destaque na relação entre público e mídia em Bragança. As pessoas parecem saber dos interesses que se escondem atrás das decisões sobre os assuntos que serão ou não abordados pela imprensa. O ouvinte ou leitor parece aplicar o descarte equivalente ao interesse (seja ele político, ideológico ou financeiro) do veículo responsável pela publicação de determinado assunto. Sabe-se o que é possível (ou conveniente) saber e muitas perguntas feitas pelas ruas nas rodas sociais, ficam sem respostas.

Qualquer mídia que, de fato, se declare “alternativa” deve voltar sua atenção para esta lacuna, este ângulo pelo qual ninguém observou determinado assunto. Deve dar voz aos questionamentos do cidadão comum, sem interesses escusos ou segundas intenções.

Nenhum comentário:

Postar um comentário