
São duas emissoras comerciais e mais duas comunitárias.
Todas elas têm como principal fonte de receita os anúncios e apoios culturais
veiculados na programação. Os anunciantes, em sua maioria, estão no comércio
varejista, área conhecidamente vulnerável às sazonalidades e oscilações da
economia.
Tradicionalmente, datas festivas, como Dia das Mães, Dia
dos Namorados, Dia dos Pais e Natal são impulsionadores do comércio varejista
e, por consequência aumentam a demanda por propaganda. A conta feita pelos comerciantes
é simples. Se há muita gente querendo comprar, comprará onde souber que tem
para vender. E uma boa forma de dizer que tem, é através do rádio. Com isso, as
emissoras e profissionais da área são constantemente procurados nessas épocas.
O problema é que há um hiato de datas comemorativas que impulsionem
o comércio após o Dia dos Pais. A próxima data semelhante seria o Natal, cujos
efeitos nas vendas ainda vão demorar a aparecer na caixa registradora das
lojas. Ao vender menos, os comerciantes cortam custos e a verba da propaganda
no rádio acaba sendo uma das primeiras a deixar de existir.
Essa realidade tem sido sentida diretamente nos
bastidores das emissoras de rádio. Não é raro encontrar algum profissional da
área reclamando pelas ruas da escassez nas vendas. Os poucos comerciantes que
continuam anunciando, estão assistindo a um verdadeiro leilão. Existe diferença
de mais de 200% entre os valores médios de inserções ou testemunhais, além de um
festival de bondades distribuídas pelos radialistas. “Tem rádio por aí vendendo
a inserção e dando de presente a mesma propaganda em um carro de som rodando
pela cidade”, revela um comerciante.
Outra fonte ouvida pelo Brag Gente, disse que tem
radialista que se propõe até a ficar um dia inteiro na loja falando no
microfone para ganhar a concorrência pelo anúncio. Há relatos até de uma
discussão acalorada entre dois radialistas que disputavam a preferência de um
cliente. A briga só não teria se consumado em sopapos devido à interferência de
apaziguadores.
Com tanta oferta e
pouca demanda por espaço publicitário nas rádios, quantas emissoras e
profissionais sobreviverão? Quem viver verá.