A influência e o poder do primeiro chefe da Diocese de Bragança
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D. José Maurício da Rocha |
Poucas pessoas foram tão poderosas quanto ele na
cidade de Bragança Paulista. Monarquista, conservador e defensor ferrenho da
moral e dos bons costumes, Dom José Maurício da Rocha não pensava duas vezes
antes de acionar as maiores autoridades do país em busca de preservar os seus
interesses e os da Igreja.
A autoridade do primeiro de bispo de Bragança Paulista
era algo sem comparação. Ninguém, nem mesmo o prefeito da cidade, ousava
contrariar sua vontade.
A influência de Dom José Maurício era tanta que
ultrapassou as fronteiras da Diocese. Bem relacionado, gozava de muito
prestígio na vida política e social do país, a ponto de se atribuir a ele a
origem do jargão: “Vá se queixar ao Bispo de Bragança”. Dizem que era isso que
ouviam políticos e empresários quando não conseguiam algum objetivo junto às
autoridades.
José Maurício da Rocha nasceu na cidade de Lagoa da
Canoa (AL), em 18 de junho de 1885. De família tradicional, realizou seus
primeiros estudos na sua terra natal e depois ingressou no Seminário de Olinda.
Foi ordenado sacerdote, em 29
de junho de 1908, na Catedral de Maceió, com dispensa, por ter apenas vinte e três anos de
idade. Imediatamente, foi nomeado professor do Seminário Menor de Maceió, e
secretário da Cúria Diocesana. Em 10 de maio de 1919, foi nomeado, pelo Papa Bento XV, bispo
diocesano de Corumbá. Tomou posse
em diocese isolada, com pouco patrimônio e poucos padres. Teve que fazer muitas
viagens penosas pelo sertão, em lombo de burros, para realizar visitas às
paróquias e comunidades. Permaneceu em Corumbá até 1927, quando foi transferido
para a recém-criada Diocese de Bragança Paulista. Fez de sua posse um dos
maiores eventos da história da cidade.
Além do rigor e da dedicação à formação dos padres,
governou com visão empreendedora. Multiplicou em pouco tempo o patrimônio da
diocese, transformando-a em uma das mais poderosas do Estado de São Paulo.
Gostava de investir em imóveis e incentivava as doações dos fiéis.
Suas virtudes como administrador e itelectual
(produziu diversos artigos, cartas pastorais, discursos e homilias
inesquecíveis muito prestigiadas pela Igreja) entravam em contradição com seus
ideais políticos. Era defensor incondicional da monarquia, embora tenha tido
sempre boas relações com republicanos. Uma de suas grandes preocupações com a
modernidade era a “dissolução dos costumes”.
Dom
José permaneceu à frente da Diocese de Bragança por 40 anos. Morreu em 24 de novembro de
1969.
Antes do enterro, corpo ficou exposto à visitação pública por dois dias.
Bragança recebeu visitas pessoas de diversas partes do país e de autoridades
como o Cardeal Agnelo Rossi,
então arcebispo de São Paulo; Dom
Humberto Mozzoni, então Núncio
Apostólico no Brasil, o
ex-presidente Jânio Quadros, o
general Milton Tavares e o Ministro da Justiça Luís
Antônio da Gama e Silva.
Grande... Que bom saber dessa história.
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